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Manuel Carvalho
Trabalha principalmente com pintura, e trata de conceitos como tradução / interpretação de imagens fotográficas ou videográficas e suas relações na construção de camadas pictóricas através da sobreposição de grids geometrizados. Faz da pintura um meio de investigação tanto formal como conceitual onde os processos e procedimentos adotados questionam sobre construção da própria superfície pictórica. Além de uma abordagem metalinguística da pintura e através da acumulação de camadas o artista torna o plano um depositário de historias pessoais utilizando de fotos de arquivos como referência para as pinturas. Na pintura de Manuel de Carvalho se constituem duas modalidades de séries abertas: os quadros tendem à formação de conjuntos em função da combinação de elementos figurativos que provém de um manancial comum com um conjunto relativamente econômico de procedimentos que intervém sobre e perturbam a figuração que se constitui; esses modos de ataque à imagem – doravante tornados imagem – parecem dotados de um ecumenismo, pois tanto assumem a face de uma espécie de rasura deliberada, quase um informalismo, quanto a uma gama de efeitos ópticos que mascaram e perturbam a relação da espectador com que supostamente se representa. Essa incoerência de superfície é, no entanto, rigorosamente funcional: mesmo a simetria mais rigorosa é sustentada por uma gestualidade de fundo, é como que o corpo do artista que se plasma na superfície; gesto esse que se configura como um esforço ativo de trazer um grão de impureza, formando um mundo em que o alto e o baixo se confundem: a imaginária banal e o repertório histórico, o colorido de viés decorativo e a tematização do efeito e ilusão perceptivos, numa combinatória infinita de elementos díspares que apontam para possibilidade conviverem ao preço da torção sempre renovada de seus sentidos.
Ewerton Belico
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